sexta-feira, 12 de março de 2010

"Quando querem transformar
Dignidade em doença
Quando querem transformar
Inteligência em traição
Quando querem transformar
Estupidez em recompensa
Quando querem transformar
Esperança em maldição:
É o bem contra o mal
E você de que lado está?"

Renato Russo
"Temos a arte para não morrer da verdade."

Friedrich Nietzsche
"Quero para mim o espírito desta frase,
transformada a forma para a casar com o que eu sou:
Viver não é necessário; o que é necessário é criar."

Fernando Pessoa
"Pode invadir ou chegar com delicadeza, mas não tão devagar que me faça dormir. Não grite comigo, tenho o péssimo hábito de revidar. Acordo pela manhã com ótimo humor mas ... permita que eu escove os dentes primeiro. Toque muito em mim, principalmente nos cabelos e minta sobre minha nocauteante beleza. Tenho vida própria, me faça sentir saudades, conte algumas coisas que me façam rir, mas não conte piadas e nem seja preconceituoso, não perca tempo, cultivando este tipo de herança de seus pais. Viaje antes de me conhecer, sofra antes de mim para reconhecer-me um porto, um albergue da juventude. Eu saio em conta, você não gastará muito comigo. Acredite nas verdades que digo e também nas mentiras, elas serão raras e sempre por uma boa causa. Respeite meu choro, me deixe sózinha, só volte quando eu chamar e, não me obedeça sempre que eu também gosto de ser contrariada. ( Então fique comigo quando eu chorar, combinado?). Seja mais forte que eu e menos altruísta! Não se vista tão bem... gosto de camisa para fora da calça, gosto de braços, gosto de pernas e muito de pescoço. Reverenciarei tudo em você que estiver a meu gosto: boca, cabelos, os pelos do peito e um joelho esfolado, você tem que se esfolar as vezes, mesmo na sua idade. Leia, escolha seus próprios livros, releia-os. Odeie a vida doméstica e os agitos noturnos. Seja um pouco caseiro e um pouco da vida, não de boate que isto é coisa de gente triste. Não seja escravo da televisão, nem xiita contra. Nem escravo meu, nem filho meu, nem meu pai. Escolha um papel para você que ainda não tenha sido preenchido e o invente muitas vezes.Me enlouqueça uma vez por mês mas, me faça uma louca boa, uma louca que ache graça em tudo que rime com louca: loba, boba, rouca, boca ... Goste de música e de sexo. goste de um esporte não muito banal. Não invente de querer muitos filhos, me carregar pra a missa, apresentar sua familia... isso a gente vê depois ... se calhar ... Deixa eu dirigir o seu carro, que você adora. Quero ver você nervoso, inquieto, olhe para outras mulheres, tenha amigos e digam muitas bobagens juntos. Não me conte seus segredos ... me faça massagem nas costas. Não fume, beba, chore, eleja algumas contravenções. Me rapte! Se nada disso funcionar ... experimente me amar!"

Martha Medeiros

(Meio grandinho, mas vale a pena ler.) 
"A gente dorme de olhos fechados
que é para poder sonhar por dentro, amor."

Rita Apoena

Sobre as estrelas

"Deitada na grama, o céu empoeirado de estrelas. Passei o dedo e - curioso - algumas vieram grudadas na ponta. Olhei para cima e assoprei. Foi tanta estrela caindo que agora eu mal consigo enxergar de tanta esperança."

Rita Apoena
"Talvez um voltasse, talvez o outro fosse. Talvez um viajasse, talvez outro fugisse. Talvez trocassem cartas, telefonemas noturnos, dominicais, cristais e contas por sedex (...) talvez ficassem curados, ao mesmo tempo ou não. Talvez algum partisse, outro ficasse. Talvez um perdesse peso, o outro ficasse cego. Talvez não se vissem nunca mais, com olhos daqui pelo menos, talvez enlouquecessem de amor e mudassem um para a cidade do outro, ou viajassem junto para Paris (...) talvez um se matasse, o outro negativasse. Seqüestrados por um OVNI, mortos por bala perdida, quem sabe. Talvez tudo, talvez nada"

Caio Fernando Abreu
"As vezes ouço passar o vento; e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido.

Fernando Pessoa
(...)Que não temos tempo a perder, amor. E a vida não é só feita de esperas.
"Não que eu seja frio,só tô um pouco mais duro e menos preocupada em entretecer ternuras. "

Caio Fernando Abreu
Silêncio.
-Houve o meu silêncio.
-Ouve o meu silêncio.
[...]
Escrevo. Mas não por diversão, prazer ou qualquer coisa do tipo. Escrevo por necessidade.
O problema é que muitas vezes as palavras mentem o que eu sinto. E então eu acabo acreditando nas minhas próprias mentiras.
Mas eu tenho me controlado, confesso. Ando escrevendo sobre esperança, amor e até felicidade.
Consequentemente eu atraio tudo isso pra mim.
Estou acreditando mais nas coisas.
Na esperança.
No amor.
E até  na felicidade.

quinta-feira, 11 de março de 2010

"Ela sabia que precisava dele. Pelo menos naquela noite chuvosa e sem grandes esperanças. Mas tinha medo da compulsão. De querer ele sempre e sempre e pra sempre. E amanhã e depois. E de dia, e tarde, de madrugada. E não saber digerir tanto amor e tanto amor acabar lhe fazendo mal. Só mais um pouquinho, pensou. Uma lasquinha. Pra dormir feliz. Amanhã era amanhã. Depois ela resolvia..."

Tati Bernardi
"Tudo é ilusão, tudo é só estrada que corre e corre, e todas as estradas vão para o mesmo lugar. Que as paisagens em volta desta estrada sejam belas, então. And that's enough."

Caio Fernando Abreu

domingo, 7 de março de 2010

Diálogo

A: Você é meu companheiro.
B: Hein?
A: Você é meu companheiro, eu disse
B: O quê?
A: Eu disse que você é meu companheiro.
B: O que é que você quer dizer com isso?
A: Eu quero dizer que você é meu companheiro, Só isso.
B: Tem alguma coisa atrás, eu sinto.
A: Não. Não tem nada. Deixa de ser paranóico.
B: Não é disso que estou falando.
A: Você está falando do quê, então?
B: Estou falando disso que você falou agora.
A: Ah, sei. Que eu sou teu companheiro.
B: Não, não foi assim: que eu sou teu companheiro.
A: Você também sente?
B: O quê?
A: Que você é meu companheiro?
B: Não me confunda. Tem alguma coisa atrás, eu sei.
A: Atrás do companheiro?
B: È.
A: Não.
B: Você não sente?
A: Que você é meu companheiro? Sinto, sim. Claro que eu sinto. E você, não?
B: Não. Não é isso. Não é assim.
A: Você não quer que seja isso assim?
B: Não é que eu não queira: é que não é.
A: Não me confunda, por favor, não me confunda. No começo era claro.
B: Agora não?
A: Agora sim. Você quer?
B: O quê?
A: Ser meu companheiro.
B: Ser teu companheiro?
A: È.
B: Companheiro?
A: Sim.
B: Eu não sei. Por favor não me confunda. No começo era claro. Tem alguma coisa atrás, voc~e não vê?
A: eu vejo. Eu quero.
B: O quê?
A: Que você seja meu companheiro.
B: Hein?
A: Eu quero que você seja meu companheiro, eu disse.
B: O quê?
A: Eu disse que eu quero que você seja meu companheiro.
B: Você disse?
A: Eu disse?
B: Não, não foi assim: eu disse.
A: O quê?
B: Você é meu companheiro.
A: Hein?
(ad infinitum)


Caio Fernando Abreu
Como eu já não sei conviver com pessoas, eu inventei algo.
Não, não é a solidão ou o amor. Eu o chamo de 'ser imensurável'.
Bebi um pouco. Confesso.

-Sabe, eu tô me sentindo tão mal por ter me tornado tão fria.Eu não consigo mais acreditar nessa baboseira de 'verdadeiro amor'. Mas eu confesso que sempre eu desejo alguém que me faça acreditar nessas mentiras de novo.Eu não consigo mais me ver. O espelho já não reflete nada familiar.Eu já não sei definir a palavra amizade. Eu não consigo achar um sentido em absolutamente nada do que eu faço.
Inclusive respirar.
Não me comovo com certos dramas, não fico feliz com coisas que servem pra isso ou qualquer coisa do tipo.Eu não consigo demonstrar amor por certas pessoas. Apesar de sentir aqui dentro que eu os amo com toda a minha força. Eu me sinto tão carente na maioria das vezes, e ao mesmo tempo eu quero todos longe de mim. Eu não sei mais inventar personagens e sentimentos, porque eu sei que em todas as vezes eu acabo acreditando nas minha próprias mentiras. E eu não sei o pq de estar falando tudo isso pra você.

SI "Acho que você diz isso pra mim porque sabe que eu não vou tentar mudá-la dizendo que essas coisas passam, quando pode não ser verdade o que eu mesmo digo. Isso, sobre passar ou não passar."

- Porque por mais que o tempo passe e as coisas mudem. ISSO não passa. Ou pelo menos até hoje não passou. Pode ficar escondido, disfarçado. Mas quando você demonstra o mínimo de fraqueza, tudo isso volta.

SI "Eu consigo entender essas coisas. Daria quase tudo para estar no seu lugar, agora.
Conseguir não pensar em pessoas, deixar pessoas de lado, tornar-me frio. Absolutamente frio.
É. E eu sou fraco."

- E eu estou voltando a ser.

SI "Fraca?"

- Totalmente.




( Meu 'ser imensurável' é inventado, mas não imaginário.)
"E você respondeu com silêncio. Um silêncio de alguém que escuta, atento, a uma informação que na verdade poderia continuar não dita, mas sabe-se lá o por quê, naquele dia era algo que te importava. Dedicado em interpretar cada palavra, gesto e tom de voz, você me deixou falar. Quando ninguém mais no mundo me ouvia. Eu te puxei pra cá porque queria falar de tristeza. Como uma criança que acabou de cair da bicicleta, eu vim correndo te mostrar o machucado. Exposto, ardendo, fazendo companhia a uma porção de cicatrizes. E, mesmo sabendo que ele, assim como todos os outros, iria fechar com o tempo, eu quis que você olhasse. Eu contei minha novela triste, aumentei o teor do drama. Me fiz vítima, entregue, cansada. E você, outra vez, respondeu com silêncio. Esse silêncio confortável, um que existe enquanto a minha cabeça encosta no seu ombro. Um silêncio que cuida, faz o tempo passar, diz mais do que qualquer conversa de regeneração. Preocupado em fazer o resto do caminho valer à pena, você colocou um abraço ao meu redor, e eu voltei a pedalar em segurança. Quando já achava que nem tinha porquê seguir. Eu te fiz ficar porque queria falar sobre alegria. Queria te contar do quanto ainda me admirava descobrir algo tão doce, quando todos os doces já me pareciam amargos. Eu quis te falar do sol que eu vejo mesmo quando fica nublado, do tanto que o meu peito se aquece mesmo nesses dias de inverno. Quis avisar do quanto o tempo me surpreende, de como o contraste da vida aumentou, do quanto cinco dedos entrelaçados aos meus fizeram tudo ser possível. Você me abraçou e me fez dançar no quarto. Riu dos meus defeitos e me comprou um guarda-chuva novo. Me acordou com café da manhã na varanda e descobriu a melhor maneira de abraçar alguém enquanto dorme. Extrapolou a minha probabilidade de sorrisos e preencheu o predicado de tudo em que hoje eu sou sujeito. Inspirou, acolheu, fez melhor e falou o que sempre precisei ouvir. Uma resposta sincera, completa, inédita. E aí fui eu que calei. Porque quando não sou eu que falo, quando o meu coração palpita e eu calo, é você que fala em mim. E quando a gente fala junto, quem se cala é o próprio mundo, pra ouvir falar de um amor sem fim."

Autor desconhecido
"A lembrança dói. Meu cérebro tenta descobrir onde fica exatamente a dor, mas logo desiste, porque tudo dói.
Estou cansada de viver como se já fosse uma pessoa adulta e madura. Gostaria de voltar a ser criança - uma garotinha de seis anos que caiu da bicicleta. Gostaria de fazer cara de choro e correr aos berros para a cozinha, onde minha mãe me ergueria do chão, me daria um forte abraço e beijaria meu joelho esfolado. Eu pararia de chorar e tomaria leite com chocolate para a dor passar.
Essa é uma das coisas que as pessoas não nos ensinam quando falam de crescer: como lidar com as dores que não passam com um beijo."

Lynda Waterhouse